Os fundos de crédito privado, aqueles que investem pelo menos metade do patrimônio em títulos de dívida emitidos por empresas, conseguiram obter retornos superiores aos fundos DI num intervalo de seis, 12, 18 e 24 meses.
No período de 24 meses, a diferença entre os produtos de renda fixa foi menor do que nos outros cenários, especialmente nos de curto prazo. Os fundos DI apresentaram um retorno de 6,49%, enquanto os fundos de crédito alcançaram retornos de 7,56% em seis meses até 1º de novembro, de acordo com a Quantum Finance.
Foram analisados os fundos DI com maiores alocações de títulos públicos em suas estratégias, e os fundos de crédito privado com mais de 50% de suas carteiras em títulos privados. Os retornos médios estão relacionados aos fundos atualmente ativos no mercado.
Segundo Marília Fontes, analista de renda fixa da Nord Research, a pequena diferença entre as rentabilidades não justifica o risco do crédito privado, uma vez que essa modalidade inclui investimentos em dívidas de empresas como Light (LIGT3) e Americanas (AMER3), que estão em recuperação judicial.
Ela comenta que, nos últimos 12 meses, o crédito privado teve um desempenho muito bom, ao contrário do que aconteceu nos 18 meses anteriores, quando ocorreu a crise de crédito de empresas e a abertura dos spreads. Com 12 meses, esses spreads se normalizaram, o que levou os fundos a terem um rendimento melhor.
Os fundos de crédito privado que tinham exposição à Americanas e Light foram impactados com a entrada dessas empresas em recuperação judicial, resultando em quedas bruscas dos títulos e ações dessas companhias. A falta de confiança dos investidores fez com que ocorressem muitos pedidos de resgate, levando alguns fundos a ter problemas para realizá-los. Como resultado, os principais bancos do país tiveram que provisionar fundos contra perdas.
Vários investidores perderam a confiança nas empresas brasileiras e começaram a questionar o discurso de que esses foram “colapsos excepcionais”.
A queda esperada pela Selic ainda favorece a renda fixa?
Investidores que aplicam em renda fixa podem estar se perguntando se ainda vale a pena continuar investindo nesse tipo de ativo, considerando os cortes esperados na taxa básica de juros (Selic). A ata do Copom, recentemente divulgada, manteve a posição de cortes de 0,50 ponto percentual nas próximas reuniões, o que é considerado o ritmo apropriado para manter a política monetária contracionista necessária para o processo de desinflação.
De acordo com projeções da Órama para o final de 2023, com base nas expectativas de gestoras com mais de R$ 3 bilhões sob gestão, a taxa Selic deve chegar a 11,75% ao ano.
Analistas recomendam a queda dos juros no Brasil, argumentando que pode resultar em possíveis ganhos com a marcação a mercado ao investir em títulos públicos. No entanto, essa recomendação vem com algumas ressalvas, principalmente em relação à estabilidade política, à inflação convergindo para a meta a médio prazo e a promessas de responsabilidade fiscal em 2023-2024.
A XP acredita que os ativos pós-fixados continuarão se beneficiando do patamar alto da taxa Selic, ainda que ela esteja em queda. Também recomenda títulos prefixados, que se beneficiam da expectativa de baixa dos juros, e ativos atrelados à inflação, devido à previsão de alta dos preços até o final do ano em 4,8% e em 2024 em 3,9%.
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