Investir é um tema que permeia as conversas sobre finanças de forma cada vez mais intensa. Com a crescente conscientização sobre a importância de ter uma boa saúde financeira, muitos se questionam sobre como e quando começar a investir. Uma prática comum entre muitos brasileiros, no entanto, pode ser um obstáculo significativo nessa jornada: investir apenas o que sobrou no fim do mês. Este hábito pode parecer inofensivo, mas ao analisá-lo com um olhar mais atento, percebe-se que essa pode ser uma das decisões mais prejudiciais que se pode tomar em relação ao futuro financeiro. Vamos explorar por que investir o que sobra é um dos maiores erros financeiros que alguém pode cometer.
Por que investir o que sobra é um dos maiores erros financeiros?
Um dos principais motivos pelos quais essa prática é considerada um erro é que ela priva o investidor de um dos recursos mais valiosos em qualquer estratégia de investimento: o tempo. Quando se adia o ato de investir até o fim do mês, acaba-se por adiar o crescimento do patrimônio. Isso acontece porque os investimentos, particularmente aqueles que se beneficiam dos juros compostos, precisam de tempo para se multiplicar. Ao deixar para o final do mês, a chance de não sobrar nada para investir aumenta consideravelmente.
Além disso, a abordagem de “gastar primeiro e investir depois” pode criar um ciclo vicioso. Muitas vezes, o que parece ser uma situação pontual — a falta de sobras para investir — pode se tornar uma constante na vida financeira. Essa prática também pode resultar em frustrações e eventual desistência de investir, já que se gera uma falsa impressão de que o investir é algo que não é para todos. A realidade é que investir pode e deve ser uma prioridade, não um último recurso.
Um estudo realizado pelo Mercado Pago revelou que 54% dos brasileiros que não investem justificam essa ausência com a falta de dinheiro no final do mês. Isso enfatiza a necessidade de uma mudança de mentalidade em relação às finanças pessoais. Ao invés de investir o que sobra, o ideal seria destinar uma porcentagem fixa da renda assim que ela é recebida. Para muitos, isso pode parecer uma mudança drástica, mas é um passo vital para construir um futuro financeiro mais estável.
Por outro lado, não é apenas o tempo que se perde investindo apenas o que sobra. Os juros compostos, que são fundamentais para o crescimento do patrimônio, também são prejudicados. Essa forma de investimento permite que os rendimentos se acumulem ao longo do tempo, não apenas sobre o capital inicial, mas também sobre os lucros que vão sendo gerados. Quanto mais cedo se começa a investir, maior será o efeito dos juros compostos e, consequentemente, do acúmulo de patrimônio.
Os perigos de investir só o que sobra
Além das questões relacionadas ao tempo e aos juros compostos, existem outros perigos associados ao hábito de investir só o que sobra. Um deles está ligado ao comportamento emocional e psicológico que esse hábito pode gerar. Investir exige uma mentalidade resiliente e uma boa dose de disciplina. Quando alguém se propõe a investir apenas o que sobrar, essa pessoa pode se sentir desencorajada quando as sobras se tornam inexistentes, levando à desmotivação e, em alguns casos, ao abandono do investimento.
Esse comportamento também está ligado ao que os especialistas chamam de “troca temporal”. Isso se refere à forma como as escolhas feitas no presente impactam diretamente o futuro financeiro. Optar por não investir agora, na esperança de que haja sobras no final do mês, pode causar sérios danos a longo prazo. A escolha de investir uma parte da renda imediatamente ao recebê-la pode significar um grande diferencial na formação de um patrimônio sólido.
Além disso, o hábito de focar no que sobra para investir pode estar atrelado a uma mentalidade consumista. Compreender que o prazer momentâneo gerado pelo consumo é muitas vezes efêmero é fundamental. O prazer de comprar algo novo pode ser rápido e passageiro, enquanto os benefícios de um investimento sólido acumulam-se ao longo do tempo, contribuindo para a segurança e estabilidade financeira futura.
Como mudar esse hábito?
A mudança de mentalidade é o primeiro passo crucial para deixar de lado o comportamento de investir somente o que sobra. Trocar o pensamento de “se sobrar, eu invisto” para “recebi, investi” pode transformar radicalmente a forma como encaramos nossas finanças. Essa mudança envolve priorizar os investimentos assim que a renda é recebida. Isso significa que, antes de qualquer gasto, uma parte da renda deve ser destinada a um investimento. Essa abordagem não apenas cria o hábito de investir, mas também torna os investimentos uma prioridade.
Um método recomendável é estabelecer um percentual fixo da renda que será investido, independentemente das despesas do mês. Isso pode ser feito por meio da automatização do investimento, programando uma transferência automática para uma conta de investimentos assim que o salário cair. Assim, o investidor elimina o elemento da dúvida e da procrastinação, garantindo que sempre haverá uma quantia sendo aplicativa no mercado.
É igualmente importante estabelecer objetivos claros de investimento, que podem variar de curto, médio e longo prazo. Ter metas específicas para o que se pretende alcançar com os investimentos pode ajudar a manter a motivação e o foco. Além disso, é sempre bom revisar esses objetivos periodicamente, pois a vida é dinâmica e nossos sonhos e aspirações podem mudar ao longo do tempo.
Por fim, é essencial buscar conhecimento financeiro constante. Estar bem informado sobre como funcionam os investimentos, quais as melhores práticas e quais são as tendências financeiras atuais pode fazer toda a diferença para o investidor. Compreender os princípios do mercado financeiro contribui para o fortalecimento da confiança do investidor em sua capacidade de gerar riqueza.
O consumismo e a luta contra o cérebro
O consumismo é uma força poderosa que pode sabotar nossos objetivos financeiros, especialmente quando se trata de investir. A sociedade atual valoriza o consumo e muitas vezes promove uma falsa sensação de felicidade que vem com a compra de bens materiais. Esse ciclo de prazer imediato pode criar uma barreira em relação ao investimento, que demanda paciência e visão a longo prazo.
Conforme mencionado anteriormente, a troca temporal é um conceito importante a se considerar. Gastar excessivamente no presente pode resultar em dificuldades financeiras no futuro. Para os jovens, especialmente, aprender a resistir à tentação do consumo imediato pode ser uma lição vital para a vida. Ao contrário de gastar no agora e lamentar mais tarde, optar por economizar e investir pode levar a um futuro muito mais promissor.
A luta contra essa mentalidade consumista começa com a conscientização e a educação financeira. Quanto mais alguém entender os benefícios de investir e como isso pode impactar positivamente sua vida, mais fácil será resistir aos apelos do consumismo. Criar o hábito de destinar uma parte da renda à construção de reservas financeiras também ajuda a criar um sentimento de segurança e tranquilidade, que o consumo imediato raramente proporciona.
Além disso, buscar a assessoria financeira correta também pode ser um passo fundamental nesse processo. Contar com um especialista que possa proporcionar orientações e informações adequadas pode guiar o investidor através das complexidades do mundo financeiro, ajudando-o a tomar decisões saudáveis e informadas.
Perguntas frequentes
Por que é importante investir assim que recebo meu salário?
Investir imediatamente após receber a renda garante que essa quantia não será afetada pelos gastos do mês, ajudando a conquistar disciplina financeira e a acumular patrimônio.
O que são juros compostos e por que são importantes para o investimento?
Os juros compostos são os juros calculados sobre o capital inicial e também sobre os juros que foram adicionados ao longo do tempo. Eles são fundamentais porque permitem que os investimentos cresçam exponencialmente ao longo dos anos.
Qual é a melhor forma de começar a investir?
Uma boa forma de começar a investir é definir metas financeiras claras, escolher um percentual do salário para investir e automatizar essa transferência para uma conta de investimento.
É possível investir com pouco dinheiro?
Sim, é possível. Existem diversas opções de investimento que permitem aplicações a partir de valores baixos, tornando o investimento acessível a todos.
Como a educação financeira pode ajudar a mudar hábitos relacionados aos investimentos?
A educação financeira proporciona conhecimento sobre como funciona o mercado, ajuda a entender a importância do investimento e ensina a priorizar as finanças pessoais, facilitando a mudança de hábitos.
Qual é o risco de não investir nada?
O principal risco de não investir é a perda de oportunidades de crescimento financeiro. A inflação pode corroer o valor do dinheiro guardado, tornando essencial o investimento para proteger e aumentar o patrimônio.
Conclusão
Investir apenas o que sobra no final do mês pode parecer uma abordagem razoável, mas as consequências desse hábito podem ser desastrosas para o futuro financeiro. Para construir um patrimônio sólido e ter segurança financeira, é essencial mudar essa mentalidade e priorizar o investimento desde o recebimento da renda. A luta contra o consumismo, o entendimento sobre a importância do tempo e dos juros compostos são aspectos fundamentais nessa jornada. Ao criar objetivos claros e buscar conhecimento constante, todo investidor pode se libertar das amarras que o impedem de alcançar uma vida financeira equilibrada e próspera. Portanto, não deixe o investimento para depois, comece hoje e colha os benefícios no futuro.
Uma das editoras do blog “Dinheiro Esquecido”. Formada em Jornalismo pela UNIP e em Rádio e TV pela UNIMONTE, tenho paixão por desvendar os segredos das finanças e economia. Aqui, oferecemos insights valiosos e dicas práticas para ajudar nossos leitores a gerenciar melhor seu dinheiro. Estamos comprometidos em tornar o mundo financeiro mais acessível e compreensível para todos.